domingo, janeiro 06, 2008

O pai do filho-putismo...

Não estou com muita pachorra para escrever, achei, no entanto, que por aqui devia ficar qualquer coisa que associasse este blog às homenagens postumas a Luiz Pacheco. Felizmente tropecei com este exerto que, efectivamente, me poupou algum trabalho de sintese:


"O Luiz Pacheco é provavelmente o maior filho da puta, a pessoa mais corrosiva, mais intratável que há, mas eu gosto dele. Não sei porque mas gosto dele. O Luiz tem a capacidade de dizer o que pensa, de dizer mesmo tudo o que pensa, mesmo o que não poderia dizer(...)" Publicado por amnésia




Pronto, é mais ou menos isso...

Agora vou jantar talvez acrescente mais qualquer coisa depois. O documentario que a tv2 vai retransmitir daqui a pouco é bastante giro...

4 Bitaites:

Tóchã mandou o bitaite...

Esse documentário que deve ser aquele que eu estou a pensar é muito giro mesmo.

Como esse senhor dizia realmente tudo o que lhe vinha à cabeça, e outra coisa não conseguia, este foi talvez o documentário mais facil de fazer de toda a historia.

Um testemunho da filhadaputisse, maus tratos às mulheres (algumas ainda adolescentes e faniliares entre si)que ia "montando", desprezo pelos filhos, fome, miséria, degradação tudo na primeira pessoa.

O mérito de toda a equipa de produção fica-se apenas pela bela fotografia e realização no sentido mais tecnico.

Este Luiz foi realmente "A FIGURA", "A PERSONAGEM"... que raio de homem...
Gratos por ser portugues!

parreirex mandou o bitaite...

será genial (não conheço a obra), é uma espécie concerteza e um pai filho da puta também.

a estória da tradução do voltaire foi brutal, especialmente para o outro gajo que assinou como tradutor...

Anónimo mandou o bitaite...

o gajo trocou uma das suas mulheres de 15 anos, pela irmã mais nova...que filho da puta, mas a gaja que dá aulas nas letras de lisboa (ou qq merda assim)e o zink disseram que a sua obra é das melhores do seculo XX, (um livro qq), do mundo, não só de portugal nacional e ultramarino..

Anónimo mandou o bitaite...

"Será genial (não conheço a obra) "

Era bom, pontualmente bastante bom, só; nestas coisas de "mauvais sang" e marginais certas franjas mundo literário afinam pelo diapasão dos cultos doentios da música pop.

De todo o pessoal que falou no documentário, é a visão crítica do próprio Luiz Pacheco que mais se confunde com a minha (e isto n á para me armar, já tinha comentado isto na 1ª vez que vi o programa): o gajo escrevia umas cenas engraçadas e a “Comunidade” (o tal livro superior) é giro mas nem sequer é o melhor que ele escreveu. Isto apesar de eu curtir o Zink e reconhecer mérito à gaja de letras, que na última edição do "Exer. de estilo" fez a cronologia biográfica mais obsessivamente meticulosa que eu li na minha vida.

Anyway qd eu utilizei a expressão filho-de -putismo não foi tanto para descrever um modo de vida como para descrever a linha literária dele: se tudo o que é exploração onírica e voluptuosamente libertária na poesia se abriga a gosto debaixo do abraço meigo do surrealismo, se por neo-realismo respondem aqueles que se dedicam ao levantamento brutal dos mais aviltantes contornos da miséria material, então a espantosa coerência presente nos relatos, cartas, crónicas de jornais, diários, do Pacheco,inventários implácáveis daquilo que de mais ressentido e insolente se abriga nas visceras humanas, merece, indubitavelmente, descobrir uma nova placa toponómica. Doravante, a rua Literária percorrida incansávelmente pelo Pacheco fica conhecida por filho-de-putismo, lugar espaçoso com boas acessibilidades.