Itália - A bizarra europa

Talvez, o pais mais “querido” do mundo padece de doenças a nível interno que raramente passam para o exterior, ou se passam, rapidamente se esquecem quando se imagina o Coliseu, a romântica Veneza, a elitista Milão a renascentista Florença, o cálcio, as pizas, bons vinhos, ou as belas massas (tagliatelle nham nham) e restante deliciosa gastronomia, imagens estas que imediatamente colamos ao ouvir o nome “Itália”. O pior disto tudo é que os italianos fazem o mesmo.

Agora que ninguém duvide que se trata de um pais de loucos onde princípios mínimos de cidadania são cilindrados com a maioria a assobiar e olhar para o lado, em muitos casos porque prezam a vida.

Sem querer fazer estudos exaustivos queria deixar registado que em Itália é normal:

- Os deputados insultarem-se gratuitamente no parlamento ou chamarem “rompicoglione” ao primeiro-ministro num debate do estado da nação. Eu já vi e ouvi, no caso o visado foi Prodi.

- Lavar roupa suja e insultos em programas da televisão com figuras de primeira linha é quase diário, não com a veemência do exemplo, mas ainda assim “troppo forte”:

Vittorio Sgarbi contro Cecchi Paone - Ambos antigos deputados e politologos de renome, o primeiro é ainda o mais conceituado critico de arte de toda a Itália


Sgarbi vs. Mussolini no programa "a bela e o monstro". Mussolini, neta do ditador é eurodeputada e lider de um partido politico, estranho também..nao? Tudo começa quando diz que o monstro, literalmente, "fode" a bela. Os "Piipp" escondem os vanfanculo mas podem encontrar a versão original.


A televisão coaduna, não os tira do directo, cobre o acontecimento “em cima”.



- A justiça simplesmente não funciona, e aquela que melhor trabalha é no programa “la iena” e no "Striscia la noticia", entre outros. É ver toda a Itália colada a ver estes programas para se darem conta de algumas injustiças tratadas. Claro, não judiciariamente mas sim pelo principio da humilhação publica, o nome que em Itália devia ser dado à terminologia pena para os poderosos e não só.

- O Primeiro-ministro mudar leis para não ser indiciado. Todos nos lembramos do caso da imunidade de Berlusconi.

- Na maior parte das cidades ter toneladas de lixo espalhadas pelas ruas e longe da vista dos turistas. Em Nápoles hoje temos 7000 Toneladas, sendo este o caso mais grave. É preciso ter aqui em conta que a Itália tem quase 60 milhões de habitantes espalhados por um território bem mais pequeno que a França que conta praticamente com a mesma população.




- A máfia! Pensei que isto era coisa do passado e dos filmes e que até tinha tido mais incidência nos states. Em Junho de 2007 li que já tinham morrido assassinadas 43 pessoas só nesse ano na região de Nápoles (Campagnia), feitos estes atribuídos á máfia napolitana (La Camorra).



Vários estudos deste ano colocam a Máfia como a primeira empresa de Itália (relembramos que nesse mesmo pais existem ainda a Fiat, a Danone, a Ferrero (nham nham), a benneton etc etc etc… um pais bem industrializado e com marcas de sucesso que alias a par do turismo colocam aquele pais no saco dos europeus.

De 6 a 10 % do PIB são os números que estes estudos avançam para o peso da economia Máfia caso esta fosse contabilizada nas contas oficiais, onde ainda inacreditavelmente, prevalece a extorsão directa aos comerciantes, “il pizzo”.

Agora com a forte emigração de leste e magrebina vão ter que se ver também com este tipo de máfias. A mim, a de leste, já me valeu uma bicicleta barata.

- Existe ainda uma violência de rua, doméstica e laboral corriqueira, basta abrir os jornais.



- Outro facto bizarro é a difusão dos dialectos ao longo do Pais. Não consegui em tempo útil encontrar nenhum estudo nem artigo que me desse números (REF:Franco Lo Piparo, "Quanti italiani parlano italiano?"). Sei é que encontrei várias pessoas, nascidas e criadas em território italiano que simplesmente não falam italiano. Na sua maioria de idade avançada, mas também encontrei pessoas relativamente jovens, o que me deixou indignado e com dificuldades em compreender. Para terem uma ideia da quantidade de dialectos, que são divididos em regionais e depois se ramificam em locais, dêem uma vista de olhos clicando AQUI. E não estão todos listados, pois aquele lá do meu burgo não se encontra listado. Desconfio que há um dialecto por terra, por familia ou mesmo por pessoa. Talvez daí a necessidade de se expressarem por gestos.

Será isto europa?

Claro, como todos que por lá passam, eu não fui excessão.

TI AMO SUA CAPRA!!!