segunda-feira, março 31, 2008

Da natureza dos erros.

No melhor pano (o extraordinário «De Rerum Natura»-da natureza das coisas), caíu, de facto, uma reluzente nodoa:


ILITERACIA MATEMÁTICA


O ministro das Finanças declarou, muito irritado, invectivando quem não louvou o recente anúncio de descida da taxa máxima do IVA de 21% para 20% (com efeitos a partir de 1 de Julho): "Quando o IVA foi aumentado foi então dito que isso teria grandes efeitos na economia. Agora que se reduz, porque é que não vai haver grandes efeitos na economia? Não há coerência nem honestidade nessas afirmações".

Parece que há lógica neste argumento. Mas não há. É que o IVA foi aumentado de 19% para 21%, de dois pontos percentuais, e agora será reduzido de um só ponto. É uma verdade matemática que 2% é o dobro de 1%! Além disso, todos os preços dos produtos implicados aumentaram de 2% e agora não é líquido que esses preços desçam de 1%. Muitos exemplos mostram que, em casos como este, os preços se mantêm. Será fácil verificar se esta verdade económica se aplicará mais uma vez...Por último: porque é que alguns dos nossos governantes falam tão zangados?´

Carlos Fiolhais

Sem querer menorizar o grande divulgador, chamo a vossa atenção para:

1) O termo iliteracia matemática talvez não seja o mais adequado, esse seria «inumeracia». Mas, nesta questão, sobram opiniões

2) Este é grave -e cruelmente ironico-, e motivação deste post. Como repararam alguns dos comentadores do post (transcrevo um deles):

Na realidade, os preços finais, mesmo que tal viesse, de facto, a suceder (*), não desceriam 1%, da mesma forma que não subiram 2% - como muito bem explica o autor do comentário das 12h35m:

Ao passarem de (100+19) para (100+21) subiram 1,68% (e não 2%); ao descerem de (100+21) para (100+20) desceriam 0,83% e não 1%.

3) Acrescente-se que o impacto final ao consumidor de uma descida (ou subida) dos impostos exige outro cuidado. Não é só o retalhista que tem dedução de 1%, também algumas matérias primas, combustiveis, intemediarios, etc, tb vão sentir essa redução; o consumidor, em principio, poderá beneficiar-se disso.

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