O livro é uma mulher, só passa quem souber

Devo-vos confessar e partilhar que hoje experimentei uma sensação única...

Sim, havia uma mulher envolvida porém rápido foi substituída por uma outra...LINDA LINDA LINDA...


Vi-a de soslaio por volta das 10 horas da manhã e num acto de puro desespero, visto que as esperanças já eram poucas ou nenhumas, provoquei um encontro que pretendia ser visto como casual. No entanto o factor casualidade esfumou-se instantaneamente, até mesmo aos ouvidos do porteiro da casa, pelo tom irónico do seu "bonjour Antoniô".

Não imaginava ela que eu tinha um trunfo na manga sob o qual ela se iria ajoelhar. Alias, nem é um trunfo, é mesmo o meu joker, o meu mata-morre. Tratava-se de um convite para beber um copo num barzinho "good vibrations" no quartier latin, que eu minuciosamente já tinha estudado a fundo para as ocasiões, onde todas as noites de fim-de-semana há musica jazz ao vivo, quanto a mim de bastante qualidade.


Pois bem, fim de tarde já no tal bar, o sol ainda raiava através das janelas e chegava a hora de eu me libertar e começar a fazer algo pela vida.

Aqui, e mais uma enervante vez, houve um factor que não me deixou brilhar. O quinteto de hoje começou a tocar uma música que me deixou com uma sensação estranha, uma sensação interior de preenchimento a tal ponto de me pregar à cadeira.

Mas afinal de contas, que musica era aquela que me deixava num estado de confusão total entre o limitado e o infinito, entre o próximo e o longínquo, entre o liquido e o gasoso, entre o conhecido e o esquivo?

Até que veio a letra da musica cantada num tom que realmente parecia imitar Louis Armstrong... depois de ouvir a palavra "Portugal", lá me lembrei e exclamei bem alto: "c'est pas possible"



Coimbra, Coimbra, Coimbra....eis a única mulher que quero para hoje...

No final fui perguntar que raio de musica era aquela...depois de folhear um bocadinho responderam-me "April in Portugal" de Louis Armstrong....fiquei louco!

De qualquer maneira corrigi prontamente "Coimbra" adulterada e interpretada por Louis Armstrong.

Depois de uma pesquisa na net vi que existem dezenas de versões da música por muitos e alguns conceituados músicos.


Coimbra do Choupal
Ainda és capital
Do amor em Portugal,
Ainda

Coimbra, onde uma vez,
Com lágrimas se fez
A historia dessa Inês
Tão linda!!!

Coimbra das canções,
Tão meiga que nos pões
Os nossos corações
A nu

Coimbra dos doutores
P’ra nós os teu doutores
P’ra os teus cantores
A fonte dos amores
És tu

Coimbra é uma lição

De sonho e tradição
O lente é uma canção

E a lua a faculdade

O livro é uma mulher

Só passa quem souber
E aprende—se a dizer

SAUDADE