Aproveitando o post anterior, mais propriamente o comentário do Socranete, transcrevo de seguida um email que recebi hoje e que fala do caso da Manuela Moura Guedes.
Tenho, ainda antes da tal transcrição, que concordar com o Socranete nas observações que tece no comentário ao post anterior, sem querer estar a defender seja que partido for (nem posso ir votar, porque não fui recensiar-me a tempo no consulado!), mas sim de achar pouco transparente e isenta a forma como alguns "casos" são tratados na nossa comunicação social: para o escândalo estão lá todos, mas se for para limpar a imagem anteriormente denegrida, já não se passa anda...
Já agora, acrescento ainda mais um caso quente de hoje: a cena com o acessor do Cavaco... esse miserável que foi para Presidente da República à custa de ser um pretenso salvador da pátria e que, para variar, lhe falta mais uma vez o chá (e neste caso concreto, ética, decência, etc.). Espero que essa cambada que votou nele se reveja agora em mais uma atitude que demonstra o quão bom ele é... já não bastava um gajo ter de se sentir mal com aquela figurinha quando representa o país seja onde for (vá lá, salva-se a mulher, que sempre consegue ter mais presença)
Finalmente agora, depois do desabafo (não curto mesmo o Cavaco nem à lei da bala, tinha de ser), o tal texto que me levou a escrever este post, intitulado José Niza sobre Manuela Moura Guedes
"Fui director de programas da RTP e depois seu administrador. E garanto-vos que, se alguma vez algum apresentador ou jornalista desse uma entrevista a chamar-me "estúpido", a primeira coisa que aconteceria seria o cancelamento imediato do seu programa, independentemente de haver ou não eleições em curso.
Por isso me parece incompreensível que, embora rios de tinta já se tenham escrito sobre o cancelamento do jornal nacional que Manuela Moura Guedes (MMG) apresentava na TVI, todos os analistas e comentadores tenham ignorado a explosiva e provocatória entrevista que MMG deu ao Diário de Notícias dias antes de a administração da TVI lhe ter acabado com o programa.
Em meu entender essa entrevista, realizada com antecedência para ser publicada no dia do regresso de MMG com o seu jornal nacional, foi a gota de água que precipitou a decisão da TVI. É que, o seu conteúdo, de tão explosivo e provocatório que era, começou a ser divulgado dias antes. E se chegou ao meu conhecimento, mais cedo terá chegado à administração da TVI.
Nessa entrevista MMG chama "estúpidos" aos seus superiores. Aliás, as palavras "estúpidos" e "estupidez" aparecem várias vezes sempre que MMG se refere à administração.
É um documento que merece ser analisado, não somente do ângulo jornalístico, mas sobretudo do ponto de vista comportamental. É uma entrevista de uma pessoa claramente perturbada, convicta de que é a maior ("Eu sou a Manuela Moura Guedes"!) e que se sente perseguida por toda a gente. (Em psiquiatria esse tipo de fenómenos são conhecidos por "ideias delirantes", de grandeza ou de perseguição).
MMG diz-se perseguida pela administração da TVI; afirma que os accionistas da PRISA são "ignorantes"; considera-se "um alvo a abater"; acusa José Alberto de Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa de fazerem "fretes ao governo" e de serem "cobardes"; acusa o Sindicato dos Jornalistas de pessoas que "nunca fizeram a ponta de um corno na vida"; diz que o programa da RTP 2, Clube de Jornalistas, é uma "porcaria"; provoca a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social); arrasa Miguel Sousa Tavares e Pacheco Pereira, etc.
E quando o entrevistador lhe pergunta se um pivô de telejornal não deve ser "imparcial", "equidistante", "ponderado", ela responde: "Então metam lá uma boneca insuflável"!
Como é que a uma pessoa que assim "pensa" e assim se comporta, pode ser dado tempo de antena em qualquer televisão minimamente responsável?
Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer - e como sublinhou Mário Soares - esta questão não tem nada a ver com liberdade de imprensa ou com a falta dela. Trata-se, simplesmente, de um acto e de uma imperativa decisão administrativa, e de bom senso democrático.
Como é que alguém, ou algum programa, a coberto da liberdade de imprensa, pode impunemente acusar, sem provas, pessoas inocentes? É que a liberdade de imprensa não é um valor absoluto, tem os seus limites, implica também responsabilidades. E quando se pisa esse risco, está tudo caldeirado. Há, no entanto, uma coisa que falta: uma explicação totalmente clara e convincente por parte da administração da TVI, que ainda não foi dada.
Vale também a pena considerar os posicionamentos político-partidários de MMG e do seu marido.
J. E. Moniz tem, desde Mário Soares, um ódio visceral ao PS. Sei do que falo. MMG foi deputada do CDS na AR. Até aqui, nada de especialmente especial.
O que já não está bem - e é criminoso - é que ambos se sirvam de um telejornal para impunemente acusarem pessoas inocentes, sem quaisquer provas, instilando insinuações e induzindo suspeições.
Ainda mais reles é o miserável aproveitamento partidário que, a começar no PSD e em M. F. Leite, e a acabar em Louçã e no BE, está a ser feito. Estes líderes políticos, tal como Paulo Portas e Jerónimo de Sousa, sabem muito bem, que nem Sócrates nem o governo tiveram qualquer influência no caso TVI. Eles sabem isto. Mas Salazar dizia: "O que parece, é"!
E eles aprenderam.
- 1984. Eu era, então, administrador da RTP. Um dia a minha secretária disse-me que uma das apresentadoras tinha urgência em falar comigo: - "Venho pedir-lhe se me deixa ir para a informação, quero ser jornalista"! Perguntei-lhe se tinha algum curso de jornalismo. Não tinha. Perguntei-lhe se, ao menos, tinha alguma experiência jornalística, num jornal, numa rádio... Não tinha. "O que eu quero é ser jornalista"! Percebi que estava perante uma pessoa tão determinada quanto ignorante. E disse-lhe: "Vá falar com o director de informação; se ele a aceitar, eu passo-lhe a guia de marcha e deixo-a ir". A magricelas conseguiu. Dias depois, na primeira entrevista que fez - no caso, ao presidente do Sporting, João Rocha - a peixeirada foi tão grande que ficou de castigo e sem microfone uma data de tempo.
P.S. A jovem apresentadora chamava-se Manuela Moura Guedes. E se eu soubesse o que sei hoje..."
segunda-feira, setembro 21, 2009
Por falar em espanto...
Espetado por Manuel J. R. @ 22:37
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11 Bitaites:
Por amos de Deus, nem si por onde começar:
-A gaja não chamou estúpidos aos administradores disse « só se forem muito estúpidos é que me tiram o programa agora.». Se eu disser «só se fosses muito estúpido é que saias às ruas de Maputo com uma T-shirt com uma suástica» estava a chamar-te estúpido?
- «todos os analistas e comentadores tenham ignorado a explosiva e provocatória entrevista que MMG deu ao Diário de Notícias dias antes de a administração da TVI lhe ter acabado com o programa». Claro todos os comentadores são estúpidos menos este José Niza, ou então sabem (como foi publicado) que a decisão já tinha sido comunicada ao director da TVI antes da publicação da entrevista. Aliás, os gajos da PRISA afinal são ralmente estúpidos, podiam ter-se safado na boa evocando a entrevista e ao invés disso vêm utilizar como argumento a cena de « homogeneizar os jornais da noite», em que ninguém acredita.
- « coberto da liberdade de imprensa, pode impunemente acusar, sem provas, pessoas inocentes?» Quem lhe garante que o Sócrates é inocente ( na merda do freeport eu até acho que sim…)? O facto de não ter sido condenado em Tribunal? Por essa lógica quando o «independente» revelou as contas do Isaltino também abusou da liberdade de imprensa para atacar um inocente. O mesmo para o «expresso» em relação ao Jorge Ritto, quando o saiu a noticia o homem ainda não tinha sido oficialmente acusado. Já para não falar da SIC no Caso Calheiros , que nem chegou a tribunal, ao contrário do freeport (fodasse se nem com este exemplo vocês percebem a minha ideia…).
Desculpem-me, mas em qualquer pais do mundo livre onde aparecesse um DVD oculto a acusar um primeiro ministro de corrupção, num caso em que estão ligados ainda dois «filhos de tios», do governante e ainda uns e-mails manhosos, mais umas alterações esquisitas à ultima hora, tínhamos estrilho garantido. É evidente que o estilo da gaja era insuportável e que o Socrates tinha toda a razão na entrevista da RTP- o Jornal funcionava num esquema «e esta semana de que forma podemos queimar o gajo»- mas isso não implica que não tenham sido obtidos dados relevantes, aliás nos fins-de-semana seguintes toda a comunicação social deu eco deles.
E havia muito mais merda dizer, mas fico só pela parte «Ainda mais reles é o miserável aproveitamento partidário que, a começar no PSD e em M. F. Leite, e a acabar em Louçã e no BE, está a ser feito. Estes líderes políticos, tal como Paulo Portas e Jerónimo de Sousa». Por que razão o gajo diz a a começar em M.F. Leite e a acabar no BE? Não são os partidos nos extremos ideológicos, por outro lado não foram os lideres mais agressivos nesta polémica, o Portas falou explicitamente em « ordem socialista» a FL e sobretudo o Louçã foram bem mais vagos (ambos tentaram tirar aproveitamento politico, tal como o Socrates no caso Marcelo, mas no caso do PSD quem deu cacetada foi o Aguiar Branco). Por isso, a que se deve aquela ordenação? A que a disputa de votos do PS começa com PSD acaba no BE passando pelo PCP e pelo CDS? Bastava esta frase para percebermos que tipo de pessoa estás a citar
Em resumo, este texto parece-me ridículo (e muito mais havia a dizer); é evidente que aconteceu qualquer jogada na TVI, falta saber de quem. Até o Vitorino o insinuou que esta merda tinha sido precipitada para prejudicar o PS, posição aliás seguida por muitos dos colaboradores do blogue de apoio ao Socrates.
P.S: Se alguma das minhas análises estiver incorrecta digam «pá, não tens razão aqui…isto é uma parvoíce»; é que já estou farto de insultos e ataques pessoais sempre que tenho uma opinião diferente nestas cenas (também posso ter feito isso uma ou outra vez mas incomensuravelmente menos do que recebi)
"é que já estou farto de insultos e ataques pessoais sempre que tenho uma opinião diferente nestas cenas"
ponto 1: queixa-te ao provedor do blog
ponto 2: vai para tribunal
ponto 3: quem és tu?
ponto 4: que ataques pessoais?
ponto 5: não te estás a passar um pouco?
1- Se existe nunca se mostrou preocupado
2- Os que não investigaram o caso Calheiros.
3- Toda a gente topou que sou o eldesdichado.Mas ser um anónimo a fazer essa pergunta...
4- Estão por aí escritos, dois exemplos que me lembro bem :«Cada um responde como sabe nem todos temos a tua enorme sapiência e as teus grandes principios mas quando chegas a prática….» npor uma pessoa ...«NAO SOU EU QUE VOU LA CHUPAR O DINHEIRO», «já te disse que és uma porca» (num contexto de agressividade verbal) por outra...Convém notar que ambas as pessoas se desculparam e nunca mais me insultaram... pelo menos quando assinam com o seu nome.
5- Não, na altura estas merdas deixaram-me incomodado, acho que não merecia isso.Entretanto têm apareceram alguns comments alegadamente anónimos um pouco nessa linha (tb os posso reproduzir se o desejares... )
mas afinal quem é o Socranete? És tu?
Pá, a onda é forçar-me a explodir para depois dizeres « Vês como tu tb insultas»?É que francamente ser um anónimo a insistir na identificação de uma pessoa... e SIM, já tinha dito. (mas o commente foi copiado de outo q não meu, mais abaixo)
(Parreira, este ultimo não foste tu só para o Estrilho?)
não. este último não foi o Parreira, só para o estrilho.
beijinhos fofinhos
Atenção, que eu, não sou apoiante do homem (confesso mesmo que tive de ir pesquisar na net, para saber quem ele era antes de meter o post no blog) e nem sequer li a notícia que saiu no DN.
Apenas meti o texto que ele escreveu porque me pareceu uma opinião que vinha exactamente ao encontro da tua frase "e que ninguém diz nada....(jornalistas incluídos)" do comentário do post anterior.
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