A frequência seria no dia seguinte! De costas voltadas para o televisor diria que no ecrã rolava agora bem alto uma das obras da trilogia do LUCAS.Qual nao foi o meu espanto, quando ao voltar-me para trás ,dou de caras com o aparelho desligado. Num impulso, auxiliado por um arrepio gelado, que me percorreu o corpo, cravei as unhas na cadeira enquanto aguardava pelo regresso de um rasgo de lógica ao meu cérebro. Devagar pego num candeeiro e percorro a casa a medo, divisão a divisão, enquanto cada vez mais o medo se transformava numa curiosidade insaciável que me deixava irrequieto. Foi entao que me dirigi à janela entreaberta do meu quarto, e espreitei, como um fugitivo encostado a uma parede, entre as cortinas. O que vi, jurei guardar só para mim, e ainda hoje o meu sono sofre de assaltos de memória que tento a todo o custo,e cada vez mais, afogar em alcoól. Vi dois homens, cada um com um sabre de luz, de baixo consumo, loucos de raiva, a combater, por aquilo que ouvi, pelo Trono da Escócia. Entre gritos e uivos de dor, no meio da rua coimbrã, os sabres brilhavam e reflectiam o amarelado dos candeiros. A demanda comum, essa raiva que lhes emanava dos gritos, eram os motores da alma, e ao mesmo tempo o que impedia a razao de penetrar naquelas mentes. De repente, entre golpes e investidas um dos sabres quebrou deixando desarmado um deles. Nao perdendo tempo atirou-se contra a espada tentando agarrar o adversário. Foi entao que a luta começou com os corpos, pelo chão, naquela rua coimbrã. Os meus olhos nao queriam acreditar. Tinham chegado perto da entrada do meu prédio, estavam cegos de loucura, lutando com uma força que me impressionava e quebrou-se a outra espada. Estavam golpeados, cansados, e ambos derrotados. Foi então que vi aquilo, do cimo da rua e a descer desenfreado, vinha um animal louco, sim era um animal, nenhum humano ruge assim. Nas mãos por cima da cabeça, trazia um objecto preto e pesado que arremessou contra os pretendentes ao trono causando o espanto destes. Esquecendo por uns instantes o trono investiram contra a besta auxiliados pelo o que parecia um homem gigante, a tentaram agarrar, prendê-lo, tudo em vão. Cansados de tudo isto e tirando um dos espadachins, todos os intervinientes desta história, deitaram toda esta loucura garganta fora, em forma de um liquido espesso que arremessaram para a frente. A loucura tinha terminado. Ainda ouvi tocar a campainha, à qual reagi com um salto, mas pode ter sido engano.Existe na minha rua uma livraria, um tasco e um bar bonito. Porque nao foram estes homens para o bar, que penso que estava aberto aquela hora, em vez de se terem destruido sem compreensão, sem motivo, sem respeito...estou louco, mas a verdadeira loucura, a raiva, o sentimento estiveram ali em forma de gente...
P.S Este artigo foi escrito por um residente externo de seu nome Macbeto!